segunda-feira, 19 de julho de 2010

Polícia cidadã

Que a criminalidade em Sergipe cresce a cada dia. Que os crimes violentos acontecem tanto na capital quanto nas cidades do interior. Que a população está mais amedrontada do que nunca. Beleza, todo mundo sabe. Mas a Polícia Militar daqui trabalha muito mal. No interior, ela é fantasia.

Você vê a polícia nas ruas de Aracaju? Eu não vejo. Quer dizer, só vejo polícia de passagem, fazendo barulho e com muita pressa, acredito que para chegar ao local de uma ocorrência qualquer. Não seria melhor já estar posicionada bem próximo delas, em pontos estratégicos da cidade? Penso que os policiais deveriam estar na rua, de prontidão para combater eventual assalto ou coisa do tipo. Se isso já acontece, ninguém vê.

A maioria dos postos policiais está desativada ou não funciona mesmo. Em Aracaju, a polícia só dá socorro por acaso, quando está passando pelo local. Reze bastante para não precisar dela porque provavelmente ela não vai chegar a tempo, isso se os telefonistas não pensarem que seu pedido de socorro é um trote.

Não quero aqui criticar o trabalho dos praças. Ao contrário, a crítica é para o pessoal mais de cima, da inteligência, do planejamento. O policiamento da Orla de Atalaia é bem curioso. Policiais vestidos de bermuda e camisa de malha e montados em bicicletas parecem turistas. E o policiamento realmente acontece por lá. Veja que coisa: funciona!, a gente vê polícia na orla. Quer dizer, os moradores de outros bairros podem ser assaltados, mas os turistas não. Quem paga o imposto paga o pato também.

Esse tipo de policiamento, adequado, inteligente, deveria ser estendido para outras áreas da capital, de maneira que Aracaju inteira fosse policiada dessa forma. Acredito que isso, ou parte disso, já foi feito em tempos passados mas, sabe-se lá por quê, acabou. Ideia: imagine que o respeitável Oficial responsável pelo policiamento dos bairros 13 de julho, Salgado Filho, Jardins, Grageru (cito esses porque os conheço bem) fosse traçar um plano infalível para diminuir, inibir, evitar a ocorrência de pequenos furtos e roubos nessa parte da cidade. Veja se não seria interessante posicionar dois policiais bem treinados ali no mirante da 13 de Julho, outros dois na subida da ponte da Coroa do Meio, outros dois na porta do Parque da Sementeira ou no cruzamento das avenidas Sílvio Teixeira e Pedro Paes Azevedo, outros dois no cruzamento das avenidas Hermes Fontes e Sílvio Teixeira e outros dois no pé do viaduto. Uma viatura com outros dois policiais bem treinados, estrategicamente posicionada e de prontidão, daria apoio. Pronto, com doze policiais e uma viatura o policiamento ficaria muito bom, mas muito mesmo, o que reduziria significativamente os índices daqueles tipos de crime. Se você fosse um ladrão querendo assaltar por essa região e tivesse certeza de que os policiais estão por perto, você levaria adiante seu plano? Ladrão não é tão besta assim. No interior, deveria existir a polícia alada: policiais montados em dragões voadores que cospem fogo nos ladrões, hahaha, pra completar a fantasia.

Mas não adianta colocar na rua qualquer policial. Tem que ser um bem treinado, que tenha bom senso e saiba técnicas de combate a assalto, de primeiros socorros e outras afins. Precisa estudar muito, frequentar vários cursos e ganhar bem, claro. Tudo bem óbvio. Um policial desse naipe também ajudaria a população em acidentes e infortúnios de toda ordem. Uma espécie de polícia do bem-estar, da cidadania. O que não pode continuar é esse treinamento de policiais para executarem com desenvoltura e agilidade movimentos de obediência à hierarquia: Pelotão!, Sentido!

Não que acabaria o desejo, a vontade de cometer crimes. Pelo menos, quem tivesse tais intenções pensaria duas vezes. Ladrão parar para refletir é bastante curioso, não é?

Eurico Bartolomeu Ribeiro Neto, maio/junho de 2010.

sábado, 3 de julho de 2010

Xiri xixiri Xixiristian Barba Marrom em: as origens

 

No momento em que Hannaganesh, o deus da Magia, acabava de forjar Hammerfall, o martelo mágico, meditava há vinte e um dias no cume das Montanhas Rochosas um jovem anão. Em jejum absoluto, sentia que era o momento de louvar os deuses. Sua intuição lhe dizia que estava chegando o momento mais difícil de sua vida e da história de seu povo.

Muitos anos antes, por volta de 500 a.c., Gloin, um sábio ancião, figura mística que orientava o povo do vale das Rochosas, andava preocupado. Suas visões alertavam para um tempo difícil, de muitas desgraças e miséria. Foi quando recebeu um chamado de Hannaganesh, que profetizou:

- Gloin, my son, keeper of the Magic, presta muita atenção nas minhas palavras: tu terás um filho com Halabova, a gorila-mor.

Gloin ficou pasmo, não compreendia como diabos teria um filho com uma gorila, mas, devoto de Hannaganesh, confiou. Por esse tempo, havia relatos de que os Gagaribarás, o povo da Floresta, rondavam Burkina Faso, a cidade mística do vale das Rochosas. Estavam à espreita das regiões pacíficas e de solo fértil habitadas pelo povo de Gloin.

Ablacololô Lolô, morador antigo do vale das Rochosas, respeitado contador de histórias, vaticinava:

- Azedume desses Gagaribará! se pá vai querer conversa com nóis, iiihhhhhhhh, povo doido.

Gloin não conseguia pensar em outra coisa senão na profecia de seu devoto e resolveu se recolher à Floresta, para meditar. Sentou-se à beira do rio e, no auge da meditação, quando estava longe, muito longe, sentiu a energia de Hannaganesh. Nisso, do alto de uma árvore gigante descia Halabova, a gorila-mor, que lhe proferiu as seguintes palavras:

- Glo.ó.in.in, blhgublhgublhgublhgu blhééé, blhgublhgublhgublhgu blhóóó, me chupa toda, grande mestre da Magia!

E brincaram, brincaram muito, sob a coordenação de Hannaganesh.

Gloin acordou de sua meditação bastante dolorido, mas não se lembrava de nada. Sentia-se disposto e calmo, sua mente já conseguia viajar em outras coisas que não a profecia. Resolveu então se banhar no rio e voltar para os seus.

Todos sentiram sua ausência e o saudaram com bastante alegria: o guia estava de volta. Ablacololô Lolô recebeu dele a seguinte resposta quando perguntou o motivo do recolhimento:

- Ablacololô, meu grande amigo, o Forrest Gump de Burkina Faso, o sem precedentes vai rolar!

Nove meses depois, numa noite sem lua, Halabova, a gorila-mor, adentrou os portões de Burkina Faso furtivamente e deixou um bebê numa cestinha nos aposentos de Gloin, que sonhava com uma cegonha.

Nascia assim xiri Xixiri Xixiristian Barba Marrom, o anão-mago-paladino.