quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Cabeça de dinossauro

 

Renatão jogava futebol no campinho de areia do condomínio onde mora e, quando foi dar um bicudo na bola, porque ele é desses que só mandam tijoladas, chutou foi uma pedra. Felipinho, amigo de Renatão e fiel peladeiro, disse que chegou a ver o dedão girando bem rápido e voando. Os dois, depois de procurarem, encontrarem e recolocarem o dedão, foram retirar a pedra do cam(p)inho, um lugar mágico para eles.

O espanto foi que não se tratava de uma pedra, não daquelas que estavam acostumados a ver. Renatão pegou a coisa nas mãos, fitou-a detidamente e logo se alvoroçou. Felipinho se aproximou de Renatão, vidrou naquela coisa branca e fosca e concluiu:

- Um asteróide, Renatão, achamos um brinquedo vindo do espaço! Algum ET deixou ele cair do disco-voador...

Renatão hesitou por um instante. Era um artefato de diâmetro um pouco menor que uma bola de futebol. Pesava um pouco mais, porém, e era alongado numa das pontas, como um focinho. Já jogara inúmeras vezes naquele campinho e nunca vira nada parecido. Seria mesmo um asteróide, um meteorito? Seu pai sempre dizia que não estávamos sozinhos no universo. Ou seria algum brinquedo louco que algum amiguinho trouxera ao campinho para brincar de algo mais louco ainda?

Nisso, Felipinho plantava bananeira e observava Renatão. Como o mundo era diferente de cabeça para baixo! Aquela coisa vinda do espaço lhe inspirara sensações incríveis. Como que dominado por uma força irresistível, resolvera, num impulso, fazer aquela acrobacia. Renatão quando viu Felipinho de ponta-cabeça se lembrou do dia em que foi passear com seu pai em Salvador e viu alguns negões em roda a cantar e dançar, numa ginga contagiante. Bem no meio, no ritmo da música, um deles tinha as pernas para o ar. Muita força nos braços e na cintura. Ficou admirado como Felipão conseguiu imitá-lo. E falou:

- Você tá parecendo um negão que eu vi, e eu acho que não é um asteróide não, é a cabeça de um dinossauro.

As palavras fizeram com que Felipinho saísse do transe e voltasse ao normal.

- Dinossauro?! - retrucou Felipinho, meio desajeitado. Matutou por um instante: – É mesmo! Parece o crânio de um bicho daquele filme Jurassic Park. É a cabeça de um velociraptor.

- Renatão, vamos colocar as nossas mãos unidas em contato com a testa. Eu fico com a agilidade do velocirator, porque jogo na ponta. E você fica com a esperteza dele, porque joga no meio e precisar coordenar o time todo.