quarta-feira, 29 de junho de 2011

Cobais da SMTT (II)

 

"Uma campo minado dessa parrece Berlim no tempo da guerra", exclamou um alemão para quem eu dava carona. Vínhamos trafegando pela avenida Francisco Moreira, bairro Luzia, e de repente pooow!!! Cinco metros à frente e pooow!!! Não era é tempo de guerra, mas pooow!!!, eu atravessava um campo minado.

Perguntei ao rapaz da loja de alinhamento e balanceamento depois de quantos quilômetros devo refazer o serviço. Cinco mil, ele me respondeu. Fiz a mesma pergunta ao meu tio que mora em Brasília e cujos pneus rodam em média oitenta mil quilômetros. A resposta foi dez mil. Paguei quatrocentos e cinquenta reais de IPVA e mais não sei quanto de multa pra quê? Pra onde vai nosso dinheiro?

Por dois dias seguidos, acredito que por conta das chuvas de maio, a grande rede sincronizada de semáforos que existe por onde sempre passo estava em pane. Incrível: o trânsito fluiu melhor. Onde demorava em média cinco minutos demorou dois. E não vi nenhum acidente. Conclusão: uma rotatória bem sinalizada substitui muito bem a engarrafadora rede de semáforos sincronizada, que regula o trânsito no cruzamento entre a avenida Nova Saneamento e a rua Rafael de Aguiar. Detalhe: depois da quantidade de acidentes após a implantação da formidável teia de aranha, a SMTT procedeu como de praxe: mandou os multadores e resolveu instalar um pardal, quer dizer, encheu o cofre de dinheiro, mas o trânsito continuou lento e engarrafado.

semáforo

Por falar em rotatória... não existe sinalização naquela que está no caminho de quem vai pra UFS, Rosa Elze, São Cristóvão. Frise-se, a sinalização não existe, em nenhum sentido, de nenhum tipo. O trânsito ali é intenso o dia inteiro, uma ciclovia passa bem no meio, tem ponto de ônibus próximo, quando chove fica tudo alagado, é um deus nos acuda. Mas a engenharia da SMTT não viu necessidade em colocar uma plaquinha sequer, nem mesmo um pintura desbotada. Melhor dizendo, "serrá que existem engenheirros de trânsito oficiando na S-M-T-T?" perguntou o alemão, pesquisador de "barboletas" e "anicetos", professor de entomologia da UFS, que passa todo dia pela rotatória.

Não consigo conter o riso quando o apresentador do Bom Dia Sergipe diz, ao mostrar cenas das principais vias da capital, captadas pelas câmeras da SMTT: "Vocês podem ver que o tráfego de veículos é intenso". Alguém duvida que o trânsito está intenso às sete horas da matina? Há um tempo atrás vi um filme que se passava no Rio de Janeiro. Um dos personagens trabalhava numa sala com um monte de monitores em que passavam cenas das principais vias da cidade. Ao vivo e ao mesmo tempo, vários engenheiros e técnicos organizavam o trânsito, ora diminuíam o tempo de sinal vermelho de um semáforo, ora aumentavam o tempo de sinal verde de outro, ora determinavam que os guardinhas verificassem tal coisa. Não conheço a realidade de lá, mas acredito ser uma boa solução, que, Alô! Alô!, senhor Prefeito, pode ser financiada com a receita das multas, se é que ainda não foi torrada. Assim como se estuda História, Medicina, Direito, Cinema, Música, Biologia, Dança, Arqueologia, Futebol, Pedagogia, Psicologia, Astrologia, Letras, também se estuda Trânsito. Mas eu tenho quase certeza que a SMTT pouco ou nunca ouviu falar de Engenharia de Trânsito. Se você, Deus o livre, precisar fazer uma cirurgia no coração você vai atrás de um marceneiro? Pois, o coordenador de Trânsito da capital é um oficial da Polícia Militar. Nada esquisito num Estado em que policial ganha mais que professor. O homem, letrado em Segurança Pública, militar por excelência, atua de modo sensato, mas a questão é técnica. Alô! Alô!, senhor Prefeito, o que o senhor diria se o técnico do seu time colocasse o atacante pra jogar de goleiro? Só se fosse Pelé.

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A gente vem dirigindo na avenida Trancredo Neves, pela esquerda, a via de escoamento, quando de repente o trânsito está travado. Motivo: ainda existem vários retornos. Eu não consigo entender. E ainda fica estacionada uma viatura com alguns guardinhas lá dentro. Quando passo dou uma buzinadinha pra eles, na esperança boba de fazê-los comunicar a seus superiores a furada: "Ói, tem um rapaz que passa num celtinha e diz que é pra fechar os retornos". Acorda, Bartô.

E nós, cidadãos, batedores de ponto, motoristas de filho, clientes do transporte público, professores e estudantes universitários, grandes empresários, altos e baixos funcionários públicos, empregados de todo tipo, todo mundo sofre com esse trânsito bagunçado, desorganizado. "Nunca valorrizei tanto o profissão de motorrista", disse o caçador de "anicetos". É certo que a falta de educação não poupa o trânsito e que as vias não foram projetadas para tantos carros, mas somos cobaias de um órgão que não trata o trânsito de maneira técnica, que pouco contribui para um trânsito organizado, agradável e fluido. Se Bin Laden reencarnar aqui em Aracaju, o Prefeito vai ter que montar a SMCBLs, Superintendência Municipal de Combate a Bin Ladens. Oxalá que não venha coordená-la o atacante nem o marceneiro, muito menos o goleiro. Meyer, o entomologista, coitadinho, "não vejo a horra de voltar parra minha querrida Saxônia".

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