sábado, 5 de junho de 2010

Crônica sobre a queda

Quedar-se é muito interessante. De repente, o chão. O sujeito vem caminhando tranquilamente e de repente o chão. Uma queda.

Aconteceu comigo hoje, no caminho para a sala de aula. Estava meio escuro, e eu não vi uma poça enlimoada. O desnivelamento do horizonte desorienta tudo: tabuf!, no olho, uma queda! Depois de mais ou menos me orientar, quero dizer, me levantar, respirar um pouco, olhar em volta, comecei a sorrir. É curiosa a ironia da queda, fiquei pensando comigo mesmo “peguei uma queda, tome, se oriente”. Desorienta para orientar.

Vou tentar descrever o movimento do meu corpo, um filme da queda. Caminhando ereto, depois o pé esquerdo em falso, que desliza a noroeste, e forma-se uma base de surfe, depois a mão direita no chão, para evitar o tombo completo. Isso bem rápido. Nem foi tão feia assim, graças ao Poderoso. Mas me fez refletir bastante, hahaha, uma bela queda. Sem contar o pé e a mão pretos.

O Houaiss me diz que quedar é “demorar-se em algum lugar”. Ou então “permanecer”. Entendi, mas a minha foi bem rápida – na verdade acredito que todas as quedas são rápidas, não consigo vislumbrar uma queda devagar. Com certeza quem inventou essa palavra o fez depois de uma queda. Depois de quedar-se. Então, nunca se esqueçam: quedar-se vem de queda, de cair, de ir ao chão rapidamente (me desculpem os etimologistas). Eu sou prova disso.

E não é só eu que caio não viu. Impérios caíram e vão continuar caindo. A chuva cai. A maçã quedou-se na cabeça de Newton. Pensando bem, foi como se a teoria da gravidade caísse sobre o juízo do homem, já prontinha. Cuidado você para não cair por aí também.

Modéstia à parte, acho que fui bastante ágil na queda. Me equilibrei muito bem para quem estava quase surfando em limo. Penso que isso se deu por conta das minhas práticas quase diárias de YOGA, que me trouxeram, além de agilidade, força, elasticidade e equilíbrio. Aprendi também que a respiração é o que nós temos de mais importante. Respirar e se comportar como observador dos próprios pensamentos é meditar. Meditar é compreender que a mente é algo estranho à nossa essência, que é algo divino. E o bom disso é a paz de espírito.

Recapitulando: aula, queda, crônica. Viver realmente não é preciso.

13 e 14 de abril de 2010.

4 comentários:

Tetê ~* disse...
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Pardal disse...

Grande mestre Euras.. Um salto pode ser considerado uma queda demorada no meu ponto de vista.
Mas etimologicamente falando no seu ponto de vista, concordo que não existe "queda" no sentido de "tropesso", lento.



... Pardal

Blog do Bartô disse...

Pois é, Grande PArdas, um salto é uma queda voluntária, né? A queda q eu descrevo aí foi um tombo. Abraço.

Janaína Santos disse...

abra link abaixo:

http://fotolog.terra.com.br/janainasantos:4

Tá lá no meu fotolog.