quinta-feira, 10 de junho de 2010

FUTEBOL É ARTE

 

Os deuses do futebol estão hospedados na África do Sul. Voltam os olhos para o continente que neste mês de Copa do Mundo será o mais rico e, apesar da pobreza do povo africano, não conseguem deixar de contemplar os craques de bola. Não estão, porém, totalmente satisfeitos porque um de seus prediletos, uma de suas criações mais sublimes, um mágico de primeira linha, nascido e criado em terras brasileiras, não vai participar. Inclusive as crianças sentiram sua falta. Imagine a Copa sem Pelé, Garrincha, Eusébio, Rivelino, Beckenbauer, Croyff, Zico, Maradona, Matthäus, Romário, Zidane, Fenômeno. Esqueci algum? Pois, esqueceram o Gaúcho.

Oxalá que o futebol arte, jogado pra frente, que priorize a técnica, a magia, vença a competição. Quem não se lembra do Brasil de Pelé e Garrincha, campeão de 58 e 62? E da Holanda de Croyff e Neeskens, o “Carrossel Holandês”, que perdeu as finais de 74 e 78, mas encantou o mundo e marcou a história do futebol com um novo estilo de jogar bola? E do Brasil de Pelé, Tostão, Rivelino, Jarzinho e Gerson, todos camisa 10 em seus clubes, que formaram uma seleção lendária, venceram ao sol de meio-dia a Copa de 70, no México, e levaram a Jules Rimet? E do Brasil de Zico, Sócrates e Falcão, que perdeu pra Itália em 82, mas é lembrada como umas das melhores seleções de todos os tempos?

E da Argentina de 86, que com a mágica de Maradona venceu a segunda copa do México e perdeu a final em 90, na Itália? E da França de Zidane, campeã em 98 e finalista em 2006? E do Brasil do Fenômeno, Rivaldo e do próprio Gaúcho? Quem viu se lembra. A Itália e Alemanha jogam feio por falta de opção, é o que lhes resta. O Brasil tem que colocar os mágicos em campo, os deuses nos deram vários. Mesmo que não vença. Não cite a seleção de 2006 porque aquilo foi festa. Faltou seriedade, disciplina, concentração, por isso não serve de exemplo pra nada, quer dizer, serve de mau exemplo, muito embora o quadrado fosse realmente mágico.

Quem hoje não se encanta com o Santos de Robinho, Ganso e Neymar? Ou o Barcelona de Messi, Xavi e Iniesta, que é a base da seleção da Espanha? Existe explicação para o Ganso não ter sido convocado entre os 23?

O mundo quer ver Messi, Kaká e Cristiano Ronaldo brilharem. Quer vibrar com os gols de Milito, Rooney, Robben, Eto'o, Robinho, Luís Fabiano, Drogba, Villa e Torres. Os negões estavam doidos pra ver o Gaúcho, teve um até que, num treino da seleção brasileira aberto ao público, estampou numa faixa, com letras garrafais: "WHERE´S RONALDINHO?!?!". Importante é a arte, a alegria, a magia. Ganhar é bônus, perder faz parte do jogo.

Mesmo assim, torço para que os deuses da bola não fiquem abatidos diante da ausência do Gaúcho e do Ganso. Torço para que, como em 94, eles abençoem nossa seleção, mesmo que ela não esbanje magia.

Junho de 2010.

7 comentários:

ChristianBR disse...

Isso lá é verdade eurico. Mas as seleções que encantam raramente são as que chegam para encantar. Brasil de 2006, França de 2002... vários são os exemplos.
Como vc bem disse, é a vontade de ganhar que faz o campeão. Um dos craques que não tiveram essa vontade foi o gaúcho. Ibrahimovic também não teve a garra necessária pra levar a suécia, seleção mais tradicional que metade das que aí estão, à mais uma copa.
No mais achei um belo texto. Apenas achei que vc podia fazer uma análise mais profunda do tema.

Blog do Bartô disse...

pois é, Xistian Barba Marrom, the great warrior, é que o Gaúcho deveria estar pelo menos no banco. O mundo quer vê-lo sorrindo pelo menos no banco.

Blog do Bartô disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Denise Porto disse...

Valeu, Bartô,
Esta crônica do futebol está ótima.
Como me lembro daquelas copas passadas!
E, como vc diz, agora é torcer pra eles não fazerem falta mesmo, afinal somos brasileiros. Bola pra frente q o dia 15 vem aí, e eu torço pelo verde amarelo apesar de ter comprado a camisa azul da seleção.

Zé Gabriel disse...

Grande Bartô, belíssimo texto, concordo com tudo. Tem uma entrevista de Sócrates na Caros Amigos desse mês que é muito interessante e vai nessa mesma linha, ele diz uma frase que me marcou, e resume a forma como vejo futebol: "No futebol o importante é se divertir e não ganhar, isso é consequência". Isso serve não apenas para o futebol, mas para a vida, mas infelizmente hoje em dia a nossa sociedade competitiva só valoriza os "bons", os que "ganham", os que tem "ambição" na vida, e assim esquecemos que na vida tudo passa, e só o que fica são as experiências e alegrias que acumulamos nessa historia, e que por ironia nem sempre vem com as chamadas vitorias. Assim, visando a um objetivo específico retiramos o nosso sorriso do rosto para não perdermos o foco, vemos os nossos irmãos como adversários, fazemos o que tiver ao nosso alcance para atropelá-los, e esquecemos de se divertir. Ah, se tomássemos como exemplo as crianças. Um forte abraço Bartô, parabens pelo blog, daquele que além se seu amigo, irmão é seu admirador. Fique com Deus.

Felipe "The JaR" disse...

Excelente post, a única retificação(após vários jogos) seria quanto a Alemanha jogar feio, com quase um mês de Copa eis que surge uma seleção surpreendente, renovada, ágil, extremamente técnica e com uma diversidade de jogadas que impressiona. Sinceramente torço por eles. Nem a Espanha, antes tão comentada como exemplo de técnica, parece conseguir unir o "jogar bonito" com a objetividade e a eficiência. Parabens Eurípedes "El Barto" pelo blog.

Blog do Bartô disse...

Agradeço o comentário belíssimo e os elogios, Biel. Teve uma parte do texto q foi uma conversa q a gente teve, vc deve se lembrar. JARRRRR, eu escrevi essa crônica antes de a Copa começar. Quem imaginava q a Alemanha apareceria jogando desse jeito neh? Abração nos dois.